Escrito por: Equipe Bolso do Investidor
Data da publicação: 18 de setembro de 2025
Corte esperado, mas ajustes nas projeções levantam alerta
O Federal Reserve reduziu a taxa de juros em 0,25 ponto percentual, conforme esperado pela maioria dos analistas, porém as projeções para 2025-2027 e o tom adotado por Jerome Powell surpreenderam ao trazerem ajustes que indicam uma postura menos agressiva em cortes do que alguns estimavam.
Novas projeções: mais cortes em 2025 e inflação em revisão
As previsões agora apontam para dois cortes adicionais ainda em 2025, contra expectativa anterior de cortes mais contidos. Para 2026, a projeção de crescimento do PIB nos EUA foi revisada para cima — de aproximadamente 1,6% para 1,8% — e a taxa de desemprego foi levemente ajustada para 4,4% no mesmo período. Quanto à inflação, permaneceu prevista em 3% para este ano, mas subiu de 2,4% para 2,6% a estimativa para 2026. Esses ajustes mostram que se espera um ambiente mais desafiador, especialmente se os dados econômicos não colaborarem.
O tom de Powell e suas implicações interpretativas
Powell, em sua fala pós-decisão, adotou um tom cauteloso (“dovish”), reconhecendo que os impactos das tarifas de importação sobre preços podem ser temporários. Destacou também que o setor de serviços mostra sinais de desinflação, embora os bens permaneçam com maior pressão de preços. Outra surpresa foi que nenhum membro do Fed apoiou corte mais agressivo de 0,50 ponto-percentual — exceto Stephen Miran, indicado recentemente, que defendeu essa alternativa.
Riscos e áreas que devem demandar atenção
- Há possibilidade de que inflação persista acima do desejado se os repasses de custos forem mais prolongados do que o esperado.
- Mercado de trabalho, embora com desemprego relativamente estável, mostra sinais de desaceleração na geração de vagas — o que pode limitar cortes mais rápidos dos juros.
- A incerteza sobre tarifas e pressões externas pode gerar volatilidade adicional, especialmente se houver novo choque de oferta.
Reações do mercado: juros, câmbio e ativos de risco
Após o anúncio e discurso, contratos de juros futuros reagiram ajustando probabilidades de cortes. Ativos de risco (ações, especialmente emergentes) tiveram valorização moderada em relação à notícia, mas investidores mantêm cautela até a divulgação dos próximos dados de inflação e emprego. O dólar e as moedas emergentes exibiram volatilidade, refletindo incerteza sobre o ritmo de cortes futuros.
Fechamento explicativo:
O corte de 0,25 pp era dado como certo, mas as revisões nas projeções de crescimento, desemprego e inflação, bem como o discurso cauteloso de Powell, mostram que o Fed quer garantir que o cenário esteja sustentável antes de afrouxar mais agressivamente. Para investidores, isso significa que ativos sensíveis a juros — sejam títulos de renda fixa ou ações de crescimento — devem ser avaliados com cuidado nos próximos meses, enquanto empresas com receita atrelada ao dólar e inflação podem ganhar força.
Fontes consultadas ao final
InfoMoney – (infomoney.com.br)
