Mais de 75% dos Brasileiros não têm reserva para a aposentadoria: Veja por que isso é preocupante

Escrito por: Equipe Bolso do Investidor
Data da publicação: 10 de setembro de 2025

Contexto preocupante

Apesar da aposentadoria ser uma preocupação legítima, o planejamento financeiro para esse momento ainda é negligenciado por grande parte dos brasileiros. Entre os 175 milhões de pessoas em idade ativa, apenas cerca de 74 milhões contribuem regularmente para a Previdência Social — um dado que evidencia a fragilidade da base contributiva da aposentadoria pública.

Baixa adesão à poupança previdenciária

Uma pesquisa da Anbima mostra que apenas 18% da população entrevistada já começou a formar uma reserva para a aposentadoria. Outros 55%, embora conscientes da necessidade de economizar, ainda não deram o primeiro passo. Isso significa que mais da metade dos brasileiros em idade produtiva ainda não iniciou nenhum tipo de planejamento para o futuro.

Impacto do tempo na contribuição

Para o economista Fabio Giambiagi (FGV/IBRE), essa procrastinação reduz o tempo disponível para acumular patrimônio, impactando diretamente o valor necessário de contribuição. Ele exemplifica que, para garantir uma renda mensal de R$ 8 mil durante 20 anos a partir dos 65 anos, uma pessoa que começasse a poupar aos 40 precisaria investir cerca de R$ 4,2 mil por mês. Já se o planejamento começasse aos 20, o valor necessário cairia para cerca de R$ 1,8 mil — considerando uma taxa de juros reais de 4% ao ano.

Redução de renda na aposentadoria

Além do desafio do tempo, muitos não percebem que a aposentadoria representa uma queda de renda na ativa — seja pela perda de benefícios como vale-alimentação, seguro ou plano de saúde, ou pela necessidade de manter o padrão de vida após parar de trabalhar. Para trabalhadores autônomos, esse cálculo é ainda mais desafiador, já que depende do próprio rendimento acumulado.

INSS vitalício, mas em desequilíbrio

A Previdência Social (INSS), apesar dos déficits crescentes, continua sendo o único sistema que oferece aposentadoria vitalícia. Por mais que o sistema público esteja em desequilíbrio, o Tesouro Nacional garante os pagamentos. Já a previdência privada, embora seja alternativa de diversificação, também está atrelada a títulos públicos — o que, em cenários de crise fiscal, pode gerar fragilidade.

Dependência do INSS

Dados mostram que 49% dos não aposentados consideram a previdência pública uma alternativa futura. No entanto, entre os já aposentados, 88% dependem exclusivamente dessa fonte de renda, demonstrando que, na prática, poucas famílias conseguem se sustentar sem o INSS.

Previdência complementar em retração

O mercado de previdência complementar enfrenta retração significativa. Em junho de 2025, o setor registrou captação líquida negativa de cerca de R$ 3,1 bilhões — uma queda de 170,8% em comparação ao mesmo período do ano anterior, reflexo da falta de adesão e confiança dos investidores.

Alerta dos especialistas

Para Marcelo Billi (Anbima), a combinação entre envelhecimento populacional e baixa adesão ao planejamento financeiro sinaliza um problema crescente. Ele enfatiza que esse cenário reforça a necessidade de democratizar o debate sobre aposentadoria e educação financeira desde cedo.


Fechamento explicativo:
A tendência é clara — sem planejamento e investimentos consistentes, os brasileiros correm o risco de envelhecerem sem recursos financeiros adequados. Para mudar esse quadro, é essencial fomentar uma cultura de educação financeira, com diálogo e ferramentas acessíveis que estimulem a poupança previdenciária desde os primeiros anos de trabalho.


Fontes:

  • (infomoney.com.br)
  • Dados da Anbima e IBGE como mencionados pela reportagem citada acima.