Escrito por: Equipe Bolso do Investidor
Data da publicação: 19 de setembro de 2025
O sonho da renda passiva vitalícia
Receber R$ 1.000 de forma recorrente, todo mês, apenas com aplicações financeiras, pode parecer distante, mas uma simulação mostra que isso é possível usando CDBs (Certificados de Depósito Bancário). O valor, que pode parecer pequeno, ajuda no orçamento doméstico: desde despesas básicas até lazer.
Segundo cálculos de Alan Fonseca, economista e CFO do Grupo Integrado, o montante necessário depende diretamente da taxa Selic, do Imposto de Renda aplicado e da inflação ao longo do tempo.
Cenário atual: Selic a 15%
Com a Selic em 15% ao ano e considerando a alíquota atual de 22,5% de IR, o investidor precisa manter R$ 110.838,00 aplicados em CDB para garantir uma renda líquida de R$ 1.000 mensais.
Caso avance a MP 1.303/2025, que reduz a tributação para 17,5%, o valor exigido cairia para R$ 104.120,00, tornando a estratégia mais acessível.
Se os juros caírem em 2026
O mercado não espera que a Selic permaneça em 15% para sempre. O Boletim Focus projeta que em 2026 a taxa deva recuar para a faixa de 12% a 12,75% ao ano.
Nessa condição:
- Com IR de 22,5%, seriam necessários R$ 129.346,00 para manter o rendimento de R$ 1.000 líquidos mensais.
- Se a MP for aprovada e a alíquota cair para 17,5%, o montante exigido seria de R$ 121.507,00.
Impacto da inflação no poder de compra
A simulação ainda considera projeção de inflação (IPCA) em 4,4% em 2026. Isso significa que, mesmo recebendo R$ 1.000, o valor real dessa renda tende a se deteriorar ao longo do tempo. Para preservar o poder de compra, é necessário reajustar o capital aplicado na mesma proporção da inflação.
Quanto investir em cada cenário
Cenário | IR | Montante necessário |
Selic 15% | 22,5% | R$ 110.838,00 |
Selic 15% (se MP for aprovada) | 17,5% | R$ 104.120,00 |
Selic 12,75% (projeção 2026) | 22,5% | R$ 129.346,00 |
Selic 12,75% (com MP aprovada) | 17,5% | R$ 121.507,00 |
O que analisar antes de aplicar em CDB
O especialista Sergio Czajkowski Junior, doutor em administração e professor no UniCuritiba, reforça que antes de investir é essencial avaliar:
- Rentabilidade: bancos menores podem pagar CDBs com 120% ou 130% do CDI, mas oferecem maior risco.
- Solidez da instituição: consultar ratings de crédito de agências como S&P, Moody’s e Fitch ajuda a medir segurança.
- FGC (Fundo Garantidor de Créditos): garante até R$ 250 mil por CPF e instituição (limite global de R$ 1 milhão a cada 4 anos).
- Liquidez: muitos CDBs exigem manter o dinheiro aplicado até o vencimento; saques antecipados podem reduzir ganhos.
Principais riscos
- Risco de crédito: possibilidade de quebra do banco emissor. Mitigado pelo FGC, mas não elimina risco sistêmico.
- Risco de mercado: queda forte da Selic reduz retorno do CDI e pode comprometer a renda planejada.
- Risco de liquidez: necessidade de resgate antes do prazo pode acarretar perda parcial de rentabilidade.
Fechamento explicativo:
A simulação mostra que garantir R$ 1.000 mensais em CDB é viável, mas exige planejamento e atenção às variáveis de juros, inflação e tributação. Com Selic em 15%, pouco mais de R$ 100 mil já seriam suficientes. Porém, se a taxa cair, o valor necessário sobe para patamares acima de R$ 120 mil. Avaliar solidez do emissor, prazos de liquidez e cenário macroeconômico é fundamental para transformar esse objetivo em renda passiva sustentável no longo prazo.
Fontes consultadas ao final
- InfoMoney
