Escrito por: Equipe Bolso do Investidor
Data da publicação: 18 de setembro de 2025
Selic em patamar elevado muda a lógica de retorno
O Copom decidiu manter a taxa Selic em 15% ao ano, nível que pressiona o custo de capital das empresas e aumenta a atratividade da renda fixa. Em paralelo, a expectativa do mercado é de que os primeiros cortes nos juros ocorram apenas em 2026, o que prolonga o cenário de “juros altos por mais tempo”.
Nesse contexto, especialistas destacam que investir em ações exige estratégia seletiva: não basta comprar o índice como um todo, mas sim identificar setores e empresas que oferecem resiliência ou oportunidades de crescimento futuro.
Setores defensivos continuam atrativos
Segundo analistas ouvidos, empresas com fluxo de caixa estável e pouca dependência de crédito tendem a se destacar em períodos de juros elevados.
- Energia elétrica e saneamento: negócios regulados e de receitas previsíveis, capazes de repassar inflação para tarifas.
- Bancos e seguradoras: se beneficiam de juros altos, já que ampliam sua margem financeira, mas precisam ser analisados à luz da inadimplência.
- Telecomunicações: com contratos de longo prazo e demanda recorrente, mantêm estabilidade mesmo em ambientes restritivos.
Esses setores funcionam como porto seguro para investidores que desejam se expor à Bolsa sem assumir volatilidade excessiva.
Onde há potencial: cíclicos e varejo, mas com cautela
Mesmo sob juros elevados, analistas ressaltam que alguns setores podem oferecer valorização, especialmente se anteciparem a virada do ciclo monetário:
- Varejo e consumo: empresas bem capitalizadas, com gestão eficiente e foco em produtos essenciais tendem a resistir melhor.
- Construção civil: companhias focadas em baixa renda (programas habitacionais) têm demanda mais resiliente, ainda que sejam muito sensíveis ao custo do crédito.
- Educação e saúde: apresentam demanda estrutural relativamente estável, mas devem ser avaliadas pela capacidade de repasse de preços.
Nesses casos, a recomendação é entrar de forma gradual, escolhendo papéis com fundamentos sólidos e evitando companhias com alta alavancagem.
A importância dos dividendos em tempos de Selic alta
Com a renda fixa entregando retornos elevados, a busca por empresas pagadoras de dividendos cresce entre investidores. Analistas lembram que essas ações funcionam como um “meio-termo” entre renda fixa e variável: oferecem o potencial de valorização no preço das cotas, mas também distribuem fluxo recorrente ao acionista.
Bancos, elétricas e companhias de commodities costumam aparecer entre as preferidas nesse perfil.
Estratégia de alocação e diversificação
Em cenário de incerteza, o consenso é que a melhor forma de investir em ações é através de diversificação setorial:
- Uma parcela defensiva (elétricas, bancos, saneamento), que garante estabilidade.
- Uma parcela cíclica (varejo, construção, consumo), que pode capturar valorização se os juros começarem a cair.
- Uma parcela dolarizada (commodities e exportadoras), para proteção cambial e exposição ao cenário global.
Além disso, a recomendação é sempre manter reserva em renda fixa de liquidez diária, tanto para proteção quanto para aproveitar oportunidades em eventuais quedas do mercado.
Fechamento explicativo:
Com a Selic em 15%, investir em ações exige disciplina e seletividade. O momento favorece empresas sólidas, com geração de caixa estável e dividendos consistentes, enquanto setores cíclicos oferecem oportunidades para quem tem visão de longo prazo e tolera volatilidade. A chave está no equilíbrio: montar carteira diversificada, entrar gradualmente e alinhar expectativa ao horizonte de queda dos juros, que só deve começar em 2026.
Fontes:
